CICLO DO LINHO - VISITA AO MUSEU ETNOGRÁFICO DE CHAVÃO
VISITA DE ESTUDO AO MUSEU ETNOGRÁFICO DE CHAVÃO
No dia 19 de Abril, fomos ao museu etnográfico de Chavão que abriu em 25 de junho de 2000 para ficarmos a conhecer o ciclo do linho.
O linho era semeado em toda a zona norte mas também um pouco na zona sul do país. Quando se acabava de semear fazia-se uma merenda.
E cantavam-se músicas tradicionais tais como:
Não colher o linho verde,
Deixai-o embaganhar
Que a baganha tem semente
P’ra tornar a semear.
Estas mulheres de agora
Não sabem massar o linho
Sabem ir à cantareira
Ver se o pichorro tem vinho!
Linho branco espadelado,
Ai, quem mo dera fiar
P’ra camisa do noivado,
P’ra renda do meu colar.
Espadelar o linho,
O linho devagar
Espadelar o linho
À noite ao luar
Quem me dera ser, amor,
O linho que estás fiando
P’ra receber os beijinhos
Com que o vais adelgaçando.
Quem me dera ser tão fino
Como o linho que fiais,
Quem vos dera tantos beijos
Como vós no linho dais.
Oh quem fora rato, rato!
Que ratará pelo chão
Que ratará as maçarocas
Ás meninas do serão.
Tenho uma roca nova
Que fia linho e fia lã
Falais das vidas alheias?
E da vossa que dirão?
Fia, fia minha roca,
Meu fuso, anda ao redor!
Fia lã p’ra agasalhar
Filhinhos do meu amor
Chamaste ao meu cabelo
Sarilho de ensarilhar;
Eu também chamo ao teu
Dobadoira de dobar!
Doba, doba dobadoira
Não me prendas a meada
Deixa correr o novelo
Tenho a minha mão cansada
O tear tece os fios,
O amor tece saudades,
Os zelos tecem cuidados
Tece a traição falsidades.
Mal haja a fita preta
E o tear que a teceu!
Que me faz andar de luto;
E a mim ninguém me morreu…
Assenta-te aqui, meu amor,
Na mesa do meu tear;
Assenta-te e faz canelas;
E o mundo deixa-o falar.
Aprendi a tecedeira
Do que estou arrependida,
Paus nos pés, paus na cabeça
Paus nas mãos, paus na barriga.
Aprendi a tecedeira
Do que estou arrependida,
Todos logram mocidade
Só eu aqui metida.
Aprendi a tecedeira
O canelado me mata;
Mas o meu amor é grande
Só a morte o desata.
Mariquinhas tecedeira
Tem o tear à janela;
Se lhe lembram os amores
Todo o fiado lhe quebra.
Mariquinhas tecedeira
Tem o tear e não tece,
Anda morta de amores
Já o tear lhe aborrece.
Passa-me o amor à porta
E eu sempre recolhida;
A vida de tecedeira,
Ai meu Deus, que triste vida!
CANTARES DE “AS LAVRADEIRAS DE GALEGOS S.TA MARIA”
Nas margens do rio Cávado Quando da terra é tirado
Muita história há para contar Pelas mãos de quem o sente
Deste tesouro tão válido Para o ripeiro é levado
Tão rico em qualquer lar Para lhes tirar a semente
Neste pelouro sagrado Da semente separado
Tão rico de tradições Começa o seu sofrimento
Nosso linho está ao lado Na água é mergulhado
Da grandeza dos brasões Para o seu amolecimento
Linho branco como a neve Para o rio vai cor de esperança
Como a neve aos farrapinhos E é levado a dançar
Quem a doba deve, deve Do rio vem já sem dança
Dobá-lo com mil carinhos Vem de negro e a chorar
Mas a sua história real Aqui começa o martírio
Vou começar a contar Que ele terá de passar
Que o seu valor imortal Para chegar em delírio
No mundo já mais tem par A toalhas de altar
Nesta terra foi criada Ao sol será estendido
A riqueza do linhal Para o seu vestido secar
Aqui começa a massada Na eira será despido
Desta massa sem igual Para o seu corpo nos mostrar
A semente germinou Depois de ser espancado
Por ordem da natureza Pelos malhadores da eira
Mas alguém a acompanhou No engenho é torturado
Com muita delicadeza E levado à espadeleira
Depois de ser espadelado Carecido de brancura
No restelo se meteu Com a capa de impureza
Para o seu corpo ser tratado É lavado em água pura
Das torturas que sofreu Para mostrar sua beleza
Já com sua cor doirada Coradinho de brancura
Outro rumo lhe foi dado Segue o destino traçado
Foi cair em mãos de fada É com carinho e ternura
Para com elas ser fiado Que ainda vai ser bordado
Já lhe chamam um tesoiro O condão desta riqueza
Em novelos enrolado E a prova do seu valor
Só por ter a cor do oiro Estão nas mesas da nobreza
Mas irá ser branqueado E nos altares do Senhor
Na barrela este tesoiro Pela grandeza que encerra
Sem cantigas nem tocata Este tesouro encantado
Vai perder a cor do oiro Muito honra a nossa terra
Mas ganhar a cor da prata Sua história do passado
Já dobado e branqueado O valor desta memória
Há quem queira conhecê-lo Na sua realidade
Logo é apresentado Sei que para muitos é história
Ao tear que vai tecê-lo Mas para outros é saudade
O ciclo do linho
Existem três tipos de linho: o linho galego, o eletra e o mourisco.
O linho é usado para a medicina:
Para fazer óleo:
E para fazer roupa:
O linho era arrancado pela raiz e levado para os rios para a curtimenta.
Depois separava-se a baganha.
Depois o linho era maçado em engenhos.
Ao fim, as fibras eram batidas com espadelas para separar as partes mais grosseiras.
O linho tinha depois de ser separado com o cristelo,
Depois era fiado.
Uma vez de fiado, o fuso era colocado no sarilho.
Depois fazia-se um tratamento para o linho ficar completamente branco. Depois as meadas eram colocadas na dobadoura.
Depois de sair da dobadoura o linho era colocado na urdideira.
Depois ia para o caneleiro.
E no fim era colocado na lançadeira.
E é assim o ciclo do linho.
Carlos Daniel (3.º ano)